O Caminho Ancestral – O vôo do Mensageiro
Nós nascemos sensíveis e abertos. É a forma como somos criados, o modo como os pensamentos, os paradigmas, os rótulos entram em nossas vidas que determinarão nosso grau de sensibilidade no futuro, o resgate destes aspectos essenciais da existência é um dos objetivos do trabalho de um(a) xamã.
Acredito que o Criador vive no grande mistério e que de lá ele administra tudo, vê e sente o que está acontecendo; mas é importante recordar que existe algo que todas as escrituras sagradas falam e o que se chama “livre arbítrio”! O poder que temos que fazer nossas escolhas, e com elas criar impactos que repercutem em todo o universo em torno de nossas vidas: Nosso habitat. Conhecida em algumas culturas como Lei do Karma, ou ressonância harmônica, esse poder criador que temos é o que nos faz semelhantes ao nosso criador.
Foi-nos dado um veículo claro entre o sagrado que se manifesta em nossa vida, e como nos expressamos nela desde o momento em que usamos o verbo – O Verbo se fez carne!".
O verbo é o criador desse canal de expressão de nossas almas na terra, e, o que falamos, manifesta nossa sabedoria através da palavra, e o que ouvimos nos dá a oportunidade de expandir nossa consciência e conhecer o mundo através de nossos ouvidos. É dessa forma que podemos tomar consciência de suas necessidades e aprender de nossas experiências de envolvimento!
Quando escutamos o universo a nossa volta, temos a oportunidade do resgate do ser que fomos assim que nascemos, quando recomeçamos cada vida e somos espontâneos, naturais, pois sempre que começamos novamente nossa experiência encarnados, temos a bênção de não recordar nossas experiências passadas, e por isso somos novamente ingênuos, puros e sensíveis. E, por ser verdadeiros, reabrimos, a cada nascimento, os campos da sensibilidade, da intuição, da percepção. Podemos recomeçar a ver o mundo de uma perspectiva de que não existem coisas boas ou coisas más. Existem, sim, a forma como nos relacionamos com as coisas e a maneira como deixamos essas coisas afetarem nossas vidas! Aprendendo delas, ou nos deixando-nos dominar por elas.
Para o xamã, esse processo pode ocorrer não somente nas mortes do corpo físico, mas também em cada processo de “morte”, no sentido de transformação, que podemos escolher quando deixamos atrás as histórias do passado, quando nos desapegamos de emoções e sofrimentos associados a experiências de vida, e escolhemos o aprendizado em lugar do drama. Para o xamã, a primeira coisa que o mobiliza a fazer essa escolha, que representa a verdadeira essência do Caminho Ancestral, é acreditar. O xamã não precisa ver o sol para acreditar e saber o que ele está lá no universo! Ele não precisa saber que há uma estrela neste exato momento morrendo e outra nascendo. Para o xamã, que procura manter sua sensibilidade e ingenuidade de uma criança, tudo isso é uma questão simples de estar alerta e conectado para sentir o movimento da vida!
Desde o momento em que nos damos à oportunidade de um estado de “não questionamento”, um estado de total aceitação de que: “O que é, é...”, podemos dizer que estamos trilhando o Caminho Ancestral; não questionar a vida, vivê-la em cada instante do aqui e agora, é a grande mágica que o xamã faz para poder estar em harmonia consigo mesmo, e com o universo a sua volta, e por isso poder viajar dimensionalmente e estar em paz, não importa o que esteja ocorrendo a seu redor.
Perceber que o grande mistério é a questão da maneira como se pode escolher viver essa vida, e aproveitar cada momento, para crescer como indivíduo, família, comunidade e como humanidade..., compartilhando para que os outros cresçam. Isso é tudo o que faz a diferença!
O Caminho Ancestral está apoiado na cosmo visão da mitologia nativa e supõe a existência de um caminho quádruplo, assim como em outras culturas e filosofias orientais, como no Budismo, por exemplo. Este Caminho composto por quatro caminhos de sabedoria, resume-se na magia do 4, como o elemento que proporcionou o Grande Mistério desde seu AMOR INFINITO, a inspiração sobre a qual criou o Universo mantido na luz pelo Grande Espírito Wakan Tanka:
No começo dos tempos, o Criador pôs todas as crianças em uma ciranda ao redor da Mãe Terra e lhes disse, a cada uma das raças, a respeito de suas responsabilidades e de seus róis no Grande e Sagrado Ciclo da Vida. Os sagrados ensinamentos eram divididos em quatro partes iguais, cada uma delas entregue a uma das tribos formada por cada raça. As quatro raças raízes foram enviadas às quatro direções, e a cada uma foi dado um conhecimento especial a respeito da criação. Aos povos Amarelos lhes foi concedido o SPÍRITU e o elemento Fogo. Aos povos Negros lhes foi confiada a ALMA correspondente ao elemento água. Os povos Brancos aprenderam a respeito da MENTE e o elemento ar. E finalmente aos Povos Vermelhos foram dados de presente com o CORPO, e o elemento terra.
Cada raça foi então abençoada com um quarto de toda a verdade da criação. Mais com o passar do tempo, eles se esqueceram que seu conhecimento era incompleto. Cada um pensando que seu conhecimento era toda a verdade começou a brigar e competir por sua supremacia.
Aos povos Brancos foi dito que eles tinham uma missão especial de aconselhar as outras raças e uni-las todas em uma só. Nos períodos prévios, cada uma das diferentes raças tinha tido essa missão. Mas, cada uma tinha abusado deste privilégio, então o criador permitiu que cada uma das raças se fora destruindo com seu próprio poder, para, que nesse processo de morte-renascimento pudessem recordar de sua missão original. Vulcões destruíram o mundo durante o período do FOGO; Uma era de gelo veio e destruiu o mundo durante o período de TERRA. O dilúvio veio, e destruiu o mundo durante ao período da ÁGUA; E agora estamos vivendo o período do AR.
Os povos Brancos sabem que a sabedoria da mente é muito poderosa, e lhes foi dito que fossem cuidadosos neste mundo, para que não fora destruído por danificar o ar. Infelizmente os povos Brancos se esqueceram dos avisos do Criador, enquanto foram viajando, expandindo-se e conquistando a terra, e em lugar de ficar em consenso com os outros povos das outras raças, e ir incorporando seus outros quartos de sabedoria para uni-los no TODO da VERDADE, eles usaram seu poder da Mente para dominar as outras raças.
Eles foram até os povos Amarelos e trouxeram o vício do ópio para escravizá-los, em lugar de aprender sobre o ESPIRITO. Eles foram até os povos Negros e os acorrentaram e fizeram deles escravos, em lugar de aprender sobre a ALMA. Quando eles vieram a América, trouxeram com eles os Amarelos e os Negros como escravos enquanto conquistavam a Raça Vermelha. Eles não se ativeram a aprender sobre o CORPO, e a sabedoria dos povos Vermelhos sobre a Terra, mas em lugar disso, destruíram-nos.
Está muito claro que em nossos tempos, a destruição das florestas, que produzem o oxigênio e o habitat, a poluição dos combustíveis fósseis, e a destruição química dos oceanos e da camada de ozônio estão encaminhando uma destruição deste mundo pela contaminação do ar – que representa os povos Brancos em sua especial sabedoria – a sabedoria da mente.
Existem muitas Mandalas Nativas, com vários níveis de correspondência com a Teoria do Processo, do Arthur Young. Os povos da MENTE acreditam que seu conhecimento é tudo o que eles necessitam. Então, eles destroem o Corpo da Mãe Terra, e ignoram o ESPIRITO e a ALMA de uma só vez.
Poderemos arrumar e remendar O Ciclo Sagrado e restaurar o equilíbrio do mundo? Por onde começar? Somos tão pequenos e frágeis, em nossas próprias existências, seremos capazes de alinhar-nos para mudar o destino que como grupo humano até agora escolhemos?
Nessas Mandalas, como a Roda da Medicina, os Nativos nos ensinam o equilíbrio dos 4 Elementos. Cada uma das 4 direções está associada com um guardião especial que nos ensina e protege. Se aprendermos a conectar-nos com sua sabedoria, podemos ancorar este equilíbrio trazendo para a Mãe Terra de volta a energia que tudo sana. Além de aprender acerca do que transmuta todos os desequilíbrios é a energia do quinto elemento, TUINKASHILA, o Sol Maior que nos criou e une a todos: o AMOR.
O que é o que quer de sua vida? O que pode fazer por
você mesmo? Começar a fazer-se essa pergunta pode levar você a começar a reconstruir esse equilíbrio, desde o único lugar onde pode você acessar o poder e fazer a diferença: você mesmo.
Tomar essa determinação e esse risco é construir o verdadeiro caminho ancestral, é construir a boa rota vermelha, o Canku Lutha, que ensinavam os irmãos Lakota, quando ainda estavam em poder de sua cultura.
Construir seu viver e apoiar-se no sonho original de sua alma, para ser feliz, em cada instante, em cada escolha, não importando seus resultados, pois no caminho, todos são parte de sua aprendizagem e crescimento!
Respeitando seu corpo, para poder respeitar o corpo da Mãe Terra, conhecendo suas águas, para poder respeitar a água da Mãe Terra, Respirando seu ar, para poder inspirar o sagrado, e respeitar o ar da Mãe Terra. Finalmente encontrando de volta o fogo do seu espírito, para poder retornar à essência e à Fonte da Criação.
Este é o Caminho dos Ancestrais.
Mitakuyé Oyas’in!
Kayala